Eis o lenho da cruz!


Pouco a pouco ergue-se o madeiro da cruz que, plantado entre pedras e cascalhos, torna-se motivo de escárnio e derrota...
E o condenado, quem era o condenado? Quem mereceu tamanho castigo, e por que tanta humilhação? O que fez de tão grave?
O condenado é Jesus de Nazaré! Seu crime maior foi amar, e amou com tanta intensidade que ofereceu-se em holocausto por toda a humanidade. Ele, a vítima, ele, o cordeiro, ele, o mártir do amor.
Nasceu em Belém, a terra do Rei Davi. Ainda criança recém-nascida é obrigado a fugir, apertado entre os ternos braços de sua mãe, e sob a proteção de seu pai José; a fugir para o Egito dos deuses pagãos.
Quantas dúvidas e incertezas marcaram aquela viagem! Porém, cumpriram-se as Escrituras, “... do Egito chamei o meu filho.” José e Maria, mesmo sem perceberem, tornam-se ao lado do Menino Jesus, os protagonistas desta bela história de amor.
Ouve-se um soluço, um soluço de dor, a dar de Maria santíssima, a mãe do condenado. Seus olhos não conseguem reter o vale de lágrimas que preenchem os sulcos marcados pelo tempo em sua face.
Mão e filho se olham com ternura; aquela troca de olhar era na verdade um consolo mútuo. De Jesus, lágrimas de sangue, e de sua mãe, lágrimas de dor... Tudo somente em nome do amor!
O céu silencia, os anjos em coro entoam a mais bela sinfonia, a sinfonia do silêncio.
Aos pés da cruz encontramos o apóstolo do amor, João evangelista, Maria Madalena, a pecadora arrependida; Maria de Cleófas – tia de Jesus. Era casada com Alfeu Cleófas, irmão de São José; Maria de Salomé, filha de Maria de Cleófas, esposa de Zebedeu e mãe de Tiago e João; e a própria Senhora das dores, que mais uma vez e de coração repete, “Faça-se em mim segundo tua palavra.”
Ao contemplar sua mãe, seu único bem, seu bem maior, olha para João e diz, “Eis aí tua mãe”, (Cuida de minha mãe, e esse pedido é para todos nós).
...Olhando para a mãe com ternura e fazendo referência a João e a todos aqueles remidos com seu sacrifício (nós), exclama, “Eis aí teu filho.”
Ao chamar sua mãe de mulher, ele está na verdade se referindo a grande mulher do livro do Genesis, “Porei inimizade entre ti e a serpente, entre tua descendência e a dela.”
O testamento final... Todo o seu preciosíssimo sangue é derramado: com seu valor encharca a terra ressequida e como bálsamo vai vivificando a mansão dos mortos.
Seu corpo dependurado por quase três horas, ferido de dor e coberto de chagas, dá sinal de falência. Suas forças se esgotam... O menor esforço é por demais custoso. Seu corpo se contorce em câimbras dilacerantes. Todo o líquido do corpo vai se perdendo.
Tenho sede! – Sede de almas, sede de amor, sede... muita sede. O que lhe oferecem? – Uma esponja embebida em vinagre. O gesto cruel o levou a dizer, “Pai perdoai-os porque eles não sabem o que fazem!” Tudo está consumado. “Em tuas mãos entrego o meu espírito!”
Era o grito da vitória! O cordeiro foi imolado... As forças da natureza abalam a terra, fazendo estremecer até mesmo as mais altas colinas. As águas dos rios se lançam em fúria contra a terra. As trevas encobrem os céus em sinal de luto e de dor.
Eis somente as testemunhas da cruz! Contemplavam o corpo inerte e descorado do Senhor. O que se ouve são os lamentos, os gemidos e o sacudir da tabuinha encimando a cruz, onde estava escrito, “Jesus Nazareno, Rei dos Judeus.”
O condenado é descido da cruz. Seu corpo frio e sem vida é colocado nos braços de sua mãe. Maria toma as mãos perfuradas pelos cravos e beija-as com ternura.”
Eis tua herança, Virgem dolorosa. Uma cruz manchada de sangue, uma túnica rasgada, uma coroa de espinhos e os cravos da dor.
No silêncio e na dor nasce a Igreja, a fonte dos Sacramentos, da chaga aberta do Coração de Jesus, de onde brotou o sangue e a água...
O Senhor foi retirado da cruz, porém a cruz permanece erguida como sinal de vitória. A vitória da vida sobre a morte.
“Como não há cruz sem Cristo, e não Cristo sem cruz, não há Jesus sem Maria, e Maria sem Jesus.”

Uma santa e abençoada Páscoa!

Paz e bem!

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