Corpus Christi
19 de junho
“Isto é o meu corpo, que é dado por vós. Fazei
isso em memória de mim...” (Lc. 22, 19)
O Senhor Jesus, na última ceia, logo depois de
lavar os pés dos apóstolos, disse-lhes que desejava ardentemente comer daquela
ceia com eles. Era a ceia da Páscoa, antecipada pelo que haveria de vir.
O coração do Senhor pulsa aceleradamente; é o amor
transbordando como que a rasgar seu peito.
Eis que atônitos estavam os apóstolos: tudo
parecia sem sentido, aqueles gestos, aquelas palavras... Somente o olhar do
Senhor irradiava uma luz penetrante e impactante. Tudo era mistério, e mistério
de fé!
No partir daquele pão, Jesus deu uma volta no
tempo, e fez memória do pão que saciou a fome de Eliseu, do pão deixado ao lado
de Elias, embaixo do junípero, e que o faz caminhar por muitos dias. O pão sem
fermento do povo de Israel ao sair do Egito... O maná do deserto... Os pães
amassados cuidadosamente por sua mãezinha em Nazaré. As diversas multiplicações
dos pães e, enfim, o pão da ceia do Senhor.
O gesto da partilha nos leva a pensar que no amor,
quanto mais se parte e se reparte, mais aumenta o que se partilhar. Foi na
quinta-feira que aconteceu a primeira celebração eucarística.
No horto das oliveiras, o Senhor convida alguns
dos seus a vigiar e orar. Era a hora de vigília que Jesus nos quis ensinar.
Eis que na cruz o Santo Sacrifício é consumado. O
Senhor se dá inteiramente, seu coração sacrossanto é rasgado, seu sangue
preciosíssimo é derramado, “Eis o mistério da fé”: corpo e sangue e divindade
de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Santo Tomás de Aquino, o apaixonado cantor da
Eucaristia, nos diz que, “Assim como na vida corporal é necessária a geração,
pela qual o homem recebe a vida, e o aumento, pelo qual o homem é conduzido à
perfeição da vida, tão necessária é também o alimento para a sua conservação. O
mesmo se dá na vida espiritual: se, para a vida espiritual, é necessário o
Batismo, que é geração espiritual; se lhe é necessária a confirmação (Crisma),
que é o aumento espiritual, não é possível que subsista sem o Sacramento da
Santíssima Eucaristia, que é o alimento espiritual.”
Pão e vinho, corpo e sangue. O Concílio de Trento
declarou que, “Nosso Salvador quis que recebêssemos este Sacramento como
alimento espiritual da alma, para que fôssemos alimentados, confortados e
tivéssemos a vida daquele que disse, ‘Quem come da minha carne, terá a vida em
si’.”
A Eucaristia é o Santíssimo Sacramento, é o
Sacramento por excelência. Nos outros Sacramentos, recebemos a Graça. Na
Eucaristia, porém, está o próprio Senhor.
Eucaristia é ação de graças! Unimos nossas preces
no altar do Senhor. Tudo se torna Eucaristia, e saímos da Igreja
“eucaristizados”, plenificados com a Graça de Deus!
Dentre os símbolos eucarísticos encontramos o
pelicano. O pelicano possui duas membranas no peito para reservas de alimento.
Estas reservas são para si e para seus filhotes. Se, por alguma fatalidade,
vier a faltar alimentos e as próprias reservas, a mãe pelicano rompe a última
membrana e tira sua carne e seu sangue para alimentar seus filhotes. Neste
processo, acaba morrendo para lhes dar vida.
Corpus Christi
É a solenidade festiva do Corpo de Cristo que
acontece sempre na quinta-feira seguinte ao Domingo da Santíssima Trindade. É
uma festa de guarda, para os católicos é obrigatório, portanto, participar da
Santa Missa. A procissão pelas vias públicas atende a uma recomendação do Código
de Direito Canônico – 944, de testemunhar publicamente a adoração e veneração à
Santíssima Eucaristia.
A Igreja Católica, pelo século XIII, sentiu a
necessidade de realçar e enaltecer a presença real do “Cristo todo” no pão
consagrado. Foi instituída pelo Papa Urbano IV com a bula Transiturus de hoc mundo, em 11 de Agosto de 1264.
Quando Urbano IV era arcebispo de Liège, recebeu
os manuscritos do segredo das visões da Irmã Juliana de Mont Cornillon, uma
freira agostiniana. Nas referidas visões, Nosso Senhor demonstrou o desejo de
ver a Sagrada Eucaristia venerada e adorada com grande destaque.
Para que a solenidade tivesse o devido esplendor,
Urbano IV pediu que se apresentassem os ofícios para a festa. O escolhido foi
“Lauda Sion”, de São Tomás de Aquino, que permanece até hoje na celebrações.
O decreto da solenidade de Corpus Christi foi
assinado em 1264. Urbano morreu em seguida. Na Diocese de Colônia, na Alemanha,
a festa tomou maiores proporções e foi lá que aconteceu a primeira procissão
nos moldes de hoje, com flores, ramos verdes, tapetes, etc. Da Alemanha, seguiu
para a França e depois Itália.
Nossa cidade de Itajaí nasceu sob as bênçãos do
Santíssimo Sacramento e da Virgem da Conceição. Em 1824 foi criado o Curato do
Santíssimo Sacramento e em 1830 foi erigida canonicamente a Irmandade do
Santíssimo Sacramento.
A Matriz do Santíssimo Sacramento é o maior bem da
cidade de Itajaí. Ela é por excelência um Sacrário. Desde sua porta principal,
tudo em nossa Matriz é grandioso e belo: é um memorial e um testemunho de fé de
tantos itajaienses que não pouparam esforços para erguer majestosamente o seu
templo em homenagem a Jesus sacramentado.
“Graças e louvores se deem a todo momento ao
Santíssimo e Digníssimo Sacramento”.
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